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Um olhar filosófico sobre o futebol...

quinta-feira, 20 de março de 2014

Esses dias em uma conversa muito divertida entre amigos de longa data chegamos um consenso que julgamos muito triste para o futebol atual. O futebol passou a ser visto de outra maneira, as funções, os valores e o real sentido foram substituídos por dois quesitos específicos: Eficiência e Lucro.  



O futebol que antes era um jogo cerebral e plasticamente bonito passou a ser um jogo onde vence o mais regular, mais veloz e mais forte fisicamente.  

A base do futebol é colocar a bola dentro do gol adversário, existem várias formas e táticas para se montar o time e facilitar esse objetivo. Antes se usavam jogadas precisas para o fazer, só ver jogadores como Ademir da Guia, Zico, Rivelino, Sócrates, Pelé entre outros grandes gênios do futebol jogarem. 



A jogada era pensada para ser precisa e certeira, o pensamento ao criar a jogada era para ela ser perfeita e imparável. Atualmente a estratégia passou a ser "Quanto mais chutes, maior a probabilidade dela entrar". É como se no basquete os jogadores arremessassem desenfreadamente de qualquer posição para a bola "entrar na marra".  

Os goleiros antes milagrosos e mágicos hoje se baseiam no "pegar o que dá", Zagueiros fortes e especialistas em desarmes e jogo aéreo atualmente parecem não ter sequer intimidade com a bola, que basta ser alto que já é o suficiente.  

Volantes esqueléticos não conseguem mais ser a segurança da defesa, aquele que tem 5 desarmes no jogo é visto como um especialista, meias que outrora eram os cérebros dos times, responsáveis por cadenciar a partida e municiar centroavantes implacáveis, hoje carregam a bola no maior estilo "abaixa a cabeça e corre". Dribladores cada vez mais escassos e quando finalmente aparece algum candidato, logo tratam de o encher de suplementos para ser mais um rinoceronte atravessando zagueiros com a testa. 

Centroavantes cheios de responsabilidades táticas,  parecem não ter mais aquele faro de gol de antes. Laterais que não sabem cruzar... Esse é um dos principais pontos que observo, imagine um poeta que não faz poesia. É assim que vejo um lateral que cruza bola nas costas de zagueiro na beirada do campo ou cruza a bola por trás do gol. 

Ainda existem jogadores com qualidades indiscutíveis como Messi, Cristiano Ronaldo, Falcao Garcia, Xavi, Pirlo, Iniesta entre outros jogadores, mas são qualidades muito semelhantes ao que havia anteriormente, o poder implacável de finalização de Cristiano Ronaldo, o faro de gol apuradíssimo de Falcao Garcia, a maestria de volantes como Pirlo e Xavi, Iniesta lembra a precisão de jogadores de outros tempos.

Messi é o raciocínio rápido em forma humana, Neymar parece resgatar a alma dos atacantes agudos e dos extintos e habilidosos pontas. Não há nada de novo no que eles apresentam, apesar de ainda assim serem geniais.  

Atualmente quem joga como se jogava no passado é valorizado como uma jóia, e mesmo assim insistem em transformar o mágico passado em um futuro caça-níquel chamado "eficiência".  

Tudo isso parece contribuir para o burocrático e milionário futebol atual. O que nos resta é esperar o futebol possa voltar a promover grandes decisões e inspirar gerações com partidas memoráveis e que se mude essa visão de jogadores operários em que se destaca o "devagar e sempre". 

Futebol é emoção, é a pancada do meio da rua estufando a rede, é a falta indefensável no ângulo, é a caneta vergonhosa no volantão camisa 5, é o zagueiro desarmando atacante com carrinho, é o passe milimétrico do meia na cabeça do centroavante que parece parar no ar antes da explosão de alegria da torcida. Esse é o futebol que sinto falta...

Por Juninho Bosco

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